O sentido precisa ser descoberto, não inventado — Viktor Frankl

Assim como a capacidade do olho para a visão depende da incapacidade de ver a si mesmo, nossa capacidade de enfrentar a objetividade do mundo depende da capacidade de ignorarmos a nós mesmos. Basta nos darmos conta das vezes em que, genuinamente, ajudamos alguém ou nos direcionamos para algo: esquecemos da nossa própria condição para se voltar para a do outro.

Em seu livro, Em Busca de Sentido, Viktor Frankl escreve que o homem só retorna a si mesmo para ser impulsionado para fora ou no momento em que se esquece de que há um mundo objetivo, concreto e pessoal que o aguarda. O homem só está perto de si mesmo na medida em que está perto do mundo, lutando por algo ou por alguém.

É por isso que Viktor Frankl fala sobre encontrar um sentido. Se formos meramente criar um sentido, não nos defrontaremos com a objetividade do mundo, o que pode acarretar em uma subversão moralista para atenuar um aborrecimento que não conseguimos lidar por causa dessa mesma objetividade que confrontou nossa consciência. Se não tivermos o contato com o outro, nos fechamos em uma mônada, desconsiderando nossa ligação com o mundo.

Toda a história da Odisseia, cantada por Homero, trata da vontade de sentido de Ulisses. Após a guerra de Troia, Ulisses deve retornar a sua morada, Ítaca, mas passa por diversas tribulações que testam sua vontade. Se Ulisses estivesse em busca de uma autorrealização, se estivesse tentando obter um prazer hedonista ou meramente estoico, teria se seduzido pelo canto das Sereias, ou teria se assentado junto de Circe por toda sua vida. No entanto, não se esqueceu de que tinha esposa, filho e um reino para governar.

Assim vemos que, em última análise, não cabe a nós perguntar sobre o sentido da vida. Pelo contrário, é a vida que nos pergunta. A ela devemos responder com a nossa existência. Fazemos isso na medida em que somos responsáveis por algo ou por alguém; na medida em que encontramos um problema que só nossa existência dá conta de resolver. Nosso centro está no mundo, não em nós mesmos.

 

3 comentários em “O sentido precisa ser descoberto, não inventado — Viktor Frankl”

  1. Lucas Alves Felix

    Certa vez, estive refletindo sobre o sentido da vida: “O que é a vida?” Fiquei refletindo acerca disso por muito tempo e cheguei a uma conclusão: “O sentido da vida é a busca pela causa não encontrada.” Estou buscando melhorar como pessoa, pois magoei dois amigos que eram queridos para mim. Após a ruptura de minha amizade, Invetiguei os meus valores pessoais, e notei que alguns deles eram nocivos para a minha saúde mental: era viciado em telas, gastava horas no celular e não possuía disciplina, tampouco foco. Meus relacionamentos para com os meus colegas estavam baseados em pura carência afetiva. Busquei por autoconhecimento a partir dos livros de grandes psicanalistas, como: Freud, Adler e Carl Gustav Jung. Progredi significativamente. Graças ao autoconhecimento, tive a coragem de buscar pelo meu primeiro emprego e fui contratado. Hoje trabalho e tenho uma rotinha mais organizada. Na verdade, antes de trabalhar, eu não tinha uma rotina focada em uma determinada atividade. Agora, que possuo uma rotina de trabalho, comecei a ver o tempo como algo precioso, porém fugidia. Se não estou enganado, Carl Gustav Jung menciona a importância do trabalho para a vida do homem, reforçando como o trabalho pode impactar positivamente a vida de um indivíduo. As vezes me pergunto quantos adolescentes e jovens adultos estão alheios quanto a brevidade da vida, assim como eu também estivera, há puoco mais de 5 meses. Tenho lido o livro de George Orwell (1984) e me assombra o quanto de realidade existe naquela ficção. Sempre que vou ao trabalho, vejo pessoas presa às telas de seus smartphones, curvando suas cabeças como ovelhas presas a um curral. Eu não me considero religioso, mas a bíblia, assim como os livros dos autores aqui mencionados, possui informações que podemos absorver e colocar em prática. Eis a passagem em questão que está no livro de João 8:32: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Este trecho em questão me ajudou a instigar sobre a busca pela verdade. Graças a este trecho da bíblia, aprofundei-me na filosofia de Sócrates, Platão, Aristóteles e Sêneca. Espero que, de alguma forma, eu esteja ajudando com este relato. Afinal, somos humanos, demasiadamente humanos.

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