O prazer não é real…

Introdução

Você já se perguntou se o que você chama de prazer… é mesmo real?
Quantas vezes você buscou algo porque achava que isso te traria felicidade, mas no fim, tudo o que restou foi um vazio ainda maior?

Viktor Frankl, psiquiatra sobrevivente dos campos de concentração, afirma que

“Quando mais buscamos o prazer, tanto mais ele nos escapa”

Viktor Franlk, A Falta de Sentido.

Vivemos em uma era em que o prazer é vendido como o bem supremo. Redes sociais, aplicativos de namoro, pornografia, consumo desenfreado — todos prometem a mesma coisa: satisfação. Mas… e se isso for uma armadilha?
E se o que você chama de prazer for, na verdade, uma forma disfarçada de prisão?

Mais de dois mil anos atrás, os gregos já sabiam disso. Platão, por meio de Sócrates, travou um dos diálogos mais profundos e desconcertantes da história da filosofia: o Filebo. Nesse diálogo, ele questiona se o verdadeiro bem da vida é a sabedoria, como defendia Sócrates, ou o prazer — como defendia Filebo, que é tanto o nome do interlocutor quanto do próprio texto.

Este vídeo vai te guiar por esse diálogo. Nele, vamos revelar a sabedoria oculta dos gregos, que a maioria ignora, e mostrar por que o prazer e a busca pela felicidade pode ser sua maior ilusão.

Para isso, eu peço que você preste muita atenção e me acompanhe até o final. Tenho certeza que esse diálogo, escrito há mais de dois mil anos, vai ampliar e muito sua percepção sobre a realidade.

1. A Mentira do Prazer: Por que ele pode ser uma ilusão perigosa

Se hoje conhecemos a filosofia, é porque os gregos antigos a desenvolveram. Muitas pessoas têm um primeiro contato com a filosofia através de pensadores mais modernos, como Nietzsche, Schopenhauer e Sartre.

Mas esses filósofos jamais desenvolveriam suas ideias se não fosse o legado que os gregos antigos deixaram no mundo. Então, sim, é mais do que fundamental conhecer suas ideias, e muitas, mas muitas dessas ideias, servem de alicerce para o modo como pensamos hoje em dia.

Os diálogos escritos por Platão são uma verdadeira jornada em busca do autoconhecimento. Platão te conduz, frase por frase, em direção à verdade, o que pode, naturalmente, provocar alguns e afastar outros, já que a verdade é, muitas vezes, difícil de aceitar.

Platão inicia o Filebo com um conflito de ideias entre o próprio Filebo, que defende que o bem da vida é o prazer, e Sócrates, que sustenta que a sabedoria é superior. Desde o início, somos confrontados com uma pergunta perturbadora: será que o que nos dá prazer realmente nos faz bem?

Para Sócrates, a resposta é clara: nem todo prazer é bom, e alguns são até perigosamente maus. Ele argumenta que agrupamos todas as sensações prazerosas sob um único nome, mas isso é um erro. Assim como nem toda cor é igual — o preto não é o branco —, nem todo prazer é da mesma natureza.

Ele diz o seguinte:

“Dizemos que o indivíduo intemperante sente prazer, como afirmamos a respeito do temperante também, pelo simples fato de ser temperante; e também do insensato, repleto de opiniões e de esperanças loucas; e do próprio sábio, por ser este o que é realmente: sábio. Ora, quem afirmasse que são iguais essas duas espécies de prazer, com todo o direito não poderíamos chamá-lo de irracional?”

Platão, Filebo.

Essa afirmação é provocadora. Porque mostra que existem prazeres daqueles que são insensatos — e que eles não apenas são diferentes dos prazeres do sábio, mas opostos em sua essência.

Na prática, pense no prazer de um vício: rolar o feed do Instagram por horas, se entorpecer com pornografia, gastar compulsivamente em jogos de azar em troca de uma “recompensa” imediata. É prazer? Sim. Mas é um prazer do insensato.

Um pouco mais próximo do nosso tempo, Carl Jung também advertia que aquilo que não enfrentamos em nosso inconsciente, acaba controlando a nossa vida e ainda chamamos de destino. Os prazeres que você busca podem, na verdade, ser os grilhões invisíveis que te aprisionam.

Sócrates, então, desmonta a visão simplista de Filebo com um argumento sutil, mas profundo: se todos os prazeres fossem bons, não existiriam prazeres que conduzem à destruição, à alienação, ou à inconsciência. Ele diz o seguinte:

“Com efeito, afirmas que todas as coisas agradáveis são boas. Ora, ninguém contesta que as coisas agradáveis não sejam agradáveis; mas, sendo poucas as coisas boas, o que dizes é que todas as coisas são boas, muito embora, quando pressionado pelos argumentos, conceda que são dissemelhantes.”

Platão, Filebo.

Aqui, ele não está apenas colocando Filebo em cheque — está nos mostrando que nossos desejos podem nos enganar. E que a busca cega pelo prazer é, muitas vezes, a porta de entrada para a escravidão moderna.

A ilusão está em acreditar que tudo o que agrada é benéfico para nós mesmos. Mas, como diz também Dostoiévski, “o homem é o ser que se acostuma com tudo”, inclusive com a própria ruína, contanto que a sua própria ruína seja confortável.

Livros como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, nos mostra que aqueles que estão no poder podem fazer com que adoremos nossa servidão se ela nos proporcionar algum tipo de prazer.

E o mais perigoso? Nós nem percebemos que estamos aprisionados. O prazer se camufla de liberdade, quando na verdade, é apenas uma coleira elegante.

2. O Valor Esquecido da Sabedoria: O verdadeiro bem da alma

Se o prazer é múltiplo e enganoso, o que então pode ser chamado de “o bem supremo”? Para Sócrates, a resposta é clara: a sabedoria, a vida bem examinada, o raciocínio verdadeiro.

Logo no início do diálogo, ele afirma:

“O saber, a inteligência, a memória e tudo o que lhes for aparentado, como a opinião certa e o raciocínio verdadeiro, são melhores e de mais valor que o prazer, para quantos forem capazes de participar deles, e que essa participação é o que há de mais vantajoso para todos os atualmente vivos ou que viverão no futuro.”

Platão, Filebo.

Essa afirmação é profundamente espiritual e psicológica. Quando buscamos prazer, geralmente o fazemos para fugir do vazio, da dor ou da ansiedade. Mas quando buscamos sabedoria, estamos nos aproximando da verdade de quem somos. E isso muda tudo.

A sabedoria não é apenas conhecimento. É a capacidade de compreender a vida de forma integrada, de agir com consciência, de perceber o sentido por trás dos acontecimentos — mesmo os mais difíceis. Como escreveu Viktor Frankl:

“A vida nunca se torna insuportável pelas circunstâncias, mas apenas pela falta de significado e propósito.”

Viktor Frankl, Em Busca de Sentido.

Já o prazer, sozinho, por outro lado, nunca dará significado a nada.

Sócrates conduz o raciocínio com maestria. Ele propõe um experimento mental: imagine uma vida de puro prazer, sem nenhum traço de sabedoria, memória ou discernimento. Você aceitaria viver assim?

“Mas, para começar, sem inteligência, nem memória, nem conhecimento, nem opinião verdadeira, forçosamente não poderias saber se desfruta ou não de algum prazer, já que serias inteiramente carente de discernimento.”

Platão, Filebo.

Esse trecho revela um paradoxo: o prazer, sem consciência, sequer pode ser experimentado como prazer. Seria como ter um corpo que sente, mas uma mente desligada. O resultado? Uma existência vazia — semelhante à de “algum pulmão marinho”, como diz o próprio Sócrates.

E mais à frente, ele questiona se a vida puramente racional, mas sem prazer, também seria desejável. E a conclusão a que chegam define toda a sabedoria antiga: nenhum dos extremos — prazer absoluto ou razão absoluta — constitui o verdadeiro bem.

Mas entre esses dois polos… existe um terceiro caminho. Um que não é apenas desejável, mas divino.

3. A Vida Mista: Nem só prazer, nem só razão – o equilíbrio divino

Platão, por meio de Sócrates, oferece uma síntese de toda a questão: o bem verdadeiro não está no prazer puro, nem na razão isolada, mas na união harmoniosa entre ambos. Essa união representa, segundo os gregos, a forma mais elevada de existência.

A vida de puro prazer é animalizada. A de pura razão é desumanizada. Mas quando há mistura — quando a razão orienta os prazeres e o prazer está presente na busca pela verdade — então surge a vida plena.

Esse é um momento chave no diálogo. Eles reconhecem que, entre três opções — vida de prazer, vida de sabedoria, e a vida harmoniosa —, a vida harmoniosa é a única que pode ser chamada de boa, suficiente e desejável por qualquer ser dotado de razão.

Platão está apontando aqui para um princípio de integração. O universo — e a alma humana — só se tornam belos quando há equilíbrio entre opostos. Uma ideia que se conecta indiretamente com a psicologia analítica de Carl Jung: o Self é a totalidade psíquica, formada pela integração dos opostos. Não é reprimindo o prazer que nos tornamos sábios, mas integrando-o à consciência, permitindo que ele exista dentro de limites saudáveis.

Marie-Louise von Franz, discípula direta de Jung, afirma algo parecido:

“A maturidade psicológica só é alcançada quando aprendemos a equilibrar os opostos dentro de nós, sem negar nenhum deles.”

Marie-Louise von Franz, A Interpretação dos Contos de Fadas.

Essa ideia se repete em outro ponto do diálogo, quando Sócrates explica como a divindade estabelece a ordem do universo:

“A divindade, meu caro Filebo, vendo a arrogância, os prazeres, a gula e toda sorte de maldades que se originam do fato de carecerem de limites, estabeleceu a lei e a ordem, dotadas de limite. Dizes que tal limite estraga a alma; pois eu digo justamente o contrário: é o que a conserva.”

Platão, Filebo.

Ou seja: prazer sem limite destrói, sabedoria sem prazer seca — mas quando os dois se encontram em harmonia, a alma floresce.

Essa vida harmoniosa é a mesma que Jung chama de individuação: o processo em que o ser humano se torna quem ele realmente é, ao integrar luz e sombra, razão e desejo, ordem e caos.

Na mitologia, essa síntese também está presente. O herói, como Ulisses ou Perseu, não é aquele que reprime seus desejos, mas aquele que os compreende, os doma, e os utiliza a serviço de algo maior.

Ulisses, por exemplo, como narra Homero na Odisseia, para conhecer o poder do canto das sereias, e ainda mais do que isso, para saber a sua verdadeira força, decidiu se amarrar ao mastro do seu navio, mas ao invés de tapar seus ouvidos com cera, como fizeram o restante da sua tripulação, decidiu escutar a melodia, pois uma vez que conhecemos o perigo, ficamos mais espertos para ele.

Assim, a verdadeira sabedoria grega não é moralista nem puritana. Ela é profundamente humana e visionária. E mostra que o bem não é uma fuga do mundo — é a capacidade de viver no mundo com clareza, integridade e sentido.

4. O Prazer dos Insensatos: Quando sentir não significa viver

Até aqui, vimos que o prazer isolado é insuficiente, e que a sabedoria precisa ser temperada com sensações humanas para se tornar plenamente aproveitável. Sócrates, então, dá um passo ainda mais ousado: ele questiona se todos os prazeres são legítimos — e chega à conclusão de que há prazeres que pertencem aos insensatos.

Ele pergunta:

“O prazer, sei muito bem que é extenso e múltiplo; e, uma vez que vamos começar por ele, conforme declaramos, compete-nos estudar, desde logo, sua natureza. Quando o ouvimos designar, parece único e muito simples; mas, em verdade, assume as mais variadas formas, que, de certo jeito, são totalmente dissemelhantes entre si.”

Platão, Filebo.

O prazer, então, não é uma substância homogênea, mas sim um composto que pode assumir formas elevadas ou profundamente degradadas. Um prazer pode ser nobre — como o de contemplar uma obra de arte ou ouvir uma sinfonia — ou miserável — como o prazer em humilhar, vingar-se, consumir sem limites.

Sócrates denuncia a ideia absurda de que todos os prazeres são bons apenas porque nos agradam. E argumenta que a ignorância, a loucura e até o erro podem gerar prazer, mas isso não os torna desejáveis.

Aqui, ele revela uma verdade dura: há prazeres que corroem a alma. E, pior, prazeres que são cultivados justamente por quem perdeu o senso de medida, de verdade, e além de tudo, de si mesmo.

Jung nos advertia sobre isso ao dizer:
“As pessoas farão qualquer coisa, não importa o quão absurda, para evitar encarar a própria alma.”

E é exatamente o que fazemos quando buscamos, de forma compulsiva, prazeres sem consciência. Nos tornamos, como diz Sócrates, animais marinhos, movidos apenas por impulsos, sem memória, sem reflexão, sem identidade.

Nem todo prazer é bom, por mais que a pessoa se sinta bem no momento que o experimenta. O problema, como Sócrates bem colocou é que o termo “prazer”, para descrever aquilo que o sábio experimenta, é o mesmo termo “prazer” para aquilo que o insensato experimenta. Mas o prazer que o sábio experimenta é totalmente diferente do prazer que o insensato experimenta.

O sábio obtém prazer do seu próprio autocontrole, pois ele conhece a si mesmo, o que o leva a não sentir dor depois que o prazer acaba, já que ele conhece a sua medida. O insensato, por sua vez, sente dor depois que seu prazer acaba justamente porque é levado pelos extremos, pelo excesso, o que faz com que tenha que buscar prazeres cada vez mais intensos devido à dessensibilização em que se encontra.

É uma crítica feroz, mas justa. Sem memória, você não lembra dos prazeres passados. Sem razão, você não consegue decidir o que é bom. Sem inteligência, você nem sabe se está realmente feliz, e o prazer te causa apenas a ilusão de felicidade, justamente porque te tira da medida.
Sentir não é viver. E prazer, sem consciência, é só um ruído dentro de um vazio.

5. A Sabedoria como Força Cósmica: O universo é mente, não desejo

O diálogo não se contenta em falar apenas da alma humana — ele amplia o horizonte da discussão. Sócrates eleva o debate ao plano do cosmos e pergunta: o que governa o universo? É o acaso irracional ou a inteligência?

Ele declara:

“Diríamos que todas as coisas e isto que é chamado de todo são regidos por uma força fortuita e o mero acaso, ou diríamos, contrariamente, como o disseram nossos ancestrais, que são ordenados e regidos pela inteligência e por um saber extraordinário?”.

Platão, Filebo.

Platão, mais uma vez, antecipa conceitos que a psicologia profunda e a física moderna só começaram a tocar séculos depois: o universo possui uma ordem — e essa ordem é inteligente.

E mais: Sócrates argumenta que, se até os elementos do nosso corpo — como o fogo, a água, o ar — existem em forma mais pura e ordenada no cosmos, então também a alma que habita o universo é mais perfeita do que a nossa.

Portanto, se temos alma, o universo também tem — e essa alma é regida por nous, o termo grego para inteligência divina, mente organizadora, princípio racional supremo.

E então vem a conclusão inevitável:

“Sem alma, não pode haver sabedoria nem inteligência.”

Platão, Filebo.

Essa é uma das afirmações mais belas e profundas do pensamento grego. E isso era tido até mesmo como óbvio para os gregos antigos e que se perdeu para nós modernos.

Há um ser que rege todo o universo, que limita o ilimitado, que confere medida e proporção. Ou como uma amálgama de coisas poderia, por si mesma, conferir ordem? A realidade não é caótica, cega, sem sentido. O que estrutura o ser, o cosmos, e a própria vida é a sabedoria — não o prazer.

Pois a sabedoria confere discernimento e medida às coisas. É ela que limita o ilimitado. O prazer, por outra lado, está classificado no gênero das coisas ilimitadas e, portanto, não possui medida, deturpa o senso de proporção e nos tira da realidade.

É aqui que vemos o verdadeiro ponto central da filosofia platônica: o bem não está nas sensações que passam, nas coisas ilimitadas, mas naquilo que permanece, que ordena, que dá forma. Ele está na ação coordenadora da inteligência que harmoniza a mistura entre o ilimitado e o limitado.

O bem é como um pai que, por mais chato que seja, impõe limite ao filho, já que o próprio filho conhece apenas o ilimitado, isto é, o prazer desmedido. Ele não priva o filho do prazer, mas o limita, fazendo com que ele conheça a sua medida.

Assim como o escultor liberta a forma de dentro do mármore, a sabedoria liberta o ser da escravidão dos impulsos.

E para Platão, a vida mais elevada é aquela que imita os deuses:

“A ser assim, os deuses nem sentem prazer nem o seu contrário.”

Platão, Filebo.

Isto é, a divindade não é um ser que busca prazer — ela é completa, autoconsciente, em perfeita ordem.
Buscar sabedoria, então, é alinhar-se com essa força cósmica. É não apenas viver — mas viver com propósito, com clareza, com verdade.

6. A Estrutura do Bem Supremo: A matemática da alma ordenada

O desfecho do Filebo é de uma beleza conceitual impressionante. Sócrates propõe que tudo o que existe é composto por quatro gêneros fundamentais: o ilimitado, o limitado, a mistura entre eles e a causa dessa mistura. E é nessa estrutura que o bem deve ser compreendido.

“Chamo, portanto, a primeira de ilimitado, a segunda de limitado, a terceira de algo que é gerado com base na mescla desses dois primeiros. E estaria eu incorrendo em erro se chamasse de quarta classe a causa dessa mescla e geração?”

Platão, Filebo.

A partir disso, Sócrates mostra que o prazer pertence ao domínio do ilimitado — ou seja, daquilo que é instável, infinito e desordenado.

Já o limitado é tudo que é definido, mensurável, regular, proporcional. Esse gênero representa a presença de ordem, número, simetria e estabilidade.

No gênero da mistura está tudo aquilo que resulta da combinação harmoniosa entre o finito e o infinito. Ou seja, quando o ilimitado (prazeres, forças naturais, etc.) é organizado e regulado pelo limite (proporção, medida). Dentre os exemplos podemos citar a saúde (que é a mistura harmônica de elementos do corpo), a música (que é o equilíbrio entre agudo e grave), a harmonia física, as virtudes morais, a beleza e por aí vai.

Já aquilo que está na causa dessa mistura é a inteligência, a alma, a razão ativa que promove a união ordenada entre os opostos. É o princípio divino que atua como causa da composição das coisas belas e boas.

Portanto, o prazer é parte da equação, mas o bem só pode surgir quando há medida, proporção e inteligência, regulando os excessos. É a combinação entre limite e potencial, ordem e impulso.

Essa visão ressoa profundamente com os princípios da harmonia pitagórica e com a própria psicologia analítica junguiana, que vê na integração dos opostos o caminho para a totalidade.

Os gregos entendiam que a vida boa é aquela que espelha a ordem do cosmos — equilibrando prazer e sabedoria, ou seja, ilimitado e limitado, sob o governo da razão.

Assim como o Artífice do mundo delimita o ilimitado com a sua razão, o que confere ordem, beleza e proporção às coisas, nós, através da nossa razão, podemos conferir limites à nossa vida, deixando-a estruturada e boa de ser vivida, espelhando, dessa forma, a sabedoria divina.

Conclusão

Não viva em função do prazer. Não viva preso apenas à razão. Aprenda a equilibrar os dois, discernindo o prazer dos insensatos e o dos sábios.
O verdadeiro bem, como disse Platão, está na mistura harmoniosa entre sentir e compreender, desejar e discernir.

“Concedemos a palma da vitória à vida misturada de prazer e de sabedoria.”

Platão, Filebo.

Essa é a herança oculta dos gregos. E ela ainda está viva, esperando que você a redescubra.

 

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