Como as massas destroem a civilização — Ortega y Gasset e Sigmund Freud

Introdução

Você já se perguntou por que multidões cometem atos que indivíduos jamais cometeriam sozinhos?
Por que pessoas inteligentes, sensatas, de repente perdem o juízo quando estão em grupo?
Ou ainda: por que a nossa era parece cada vez mais dominada pela mediocridade, pela fúria coletiva e pela rejeição à reflexão solitária?

Vivemos um tempo em que o indivíduo é pressionado a ser parte da massa — seja nos pensamentos, nas emoções ou nos comportamentos. A originalidade virou suspeita. O silêncio virou desvio. O questionamento virou crime.

Neste vídeo, vamos mergulhar em duas obras monumentais que explicam esse fenômeno com uma precisão quase profética:
“Psicologia das Massas e Análise do Eu”, de Sigmund Freud, e “A Rebelião das Massas”, de José Ortega y Gasset.

Freud, o pai da psicanálise, revela como o indivíduo se transforma quando imerso na multidão — perde o controle do Eu, abandona a razão e se entrega ao instinto.
E Ortega y Gasset, um dos maiores filósofos espanhóis do século XX, alerta para o surgimento do “homem-massa”, uma figura que rejeita a excelência, despreza o esforço e arrasta a civilização para a barbárie.

Neste vídeo você vai entender como as massas são manipuladas, como destroem tudo o que é individual — e por que ignorar isso pode nos conduzir a um colapso social.

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Capítulo 1 – Por que pensamos diferente quando estamos em grupo?

Freud abre sua obra com uma provocação: será mesmo que existe uma diferença entre a psicologia individual e a psicologia das massas? Ele mesmo responde:

“[…] a psicologia individual é, desde o início, psicologia social, num sentido ampliado, mas inteiramente justificado.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Ou seja, mesmo quando acreditamos estar sozinhos com nossos pensamentos, estamos atravessados pelos outros — pais, professores, amantes, rivais, colegas. O “Outro” está sempre presente. Mas algo muda drasticamente quando deixamos de ser indivíduos e nos tornamos parte de uma massa.

Na massa, o sujeito sofre uma regressão psíquica: perde sua autonomia, sua consciência crítica e sua capacidade de julgamento. Em seu texto sobre as massas, Freud cita Gustave Le Bon, um antropólogo francês, que descreve esse fenômeno com muita clareza:

“O simples fato de se terem transformado em massa os torna possuidores de uma espécie de alma coletiva. Esta alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente da que cada um sentiria, pensaria e agiria isoladamente.”

Sigmund Freud citando Le Bom em Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Esse estado coletivo é hipnótico. É como se o indivíduo fosse anestesiado moral e intelectualmente. Surge um “sentimento de poder invencível” e, com ele, a sensação de que tudo é permitido.

A massa é movida pelo inconsciente — não pela razão. Freud afirma que as repressões desaparecem e os instintos primitivos são liberados.
O resultado é uma explosão de impulsividade, violência e irracionalidade. A massa ama, odeia e destrói — sem pensar, sem hesitar e sem se sentir culpada.

Aqui, já vemos o embrião da barbárie. Não porque a massa seja má, mas porque o indivíduo nela deixa de ser si mesmo. Como Freud diz:

“Pelo simples fato de pertencer a uma massa, o homem desce vários degraus na escala da civilização. Isolado, ele era talvez um indivíduo cultivado, na massa é um instintivo, e em consequência um bárbaro.”

Sigmund Freud citando Le Bom em Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Em outras palavras: quanto mais nos dissolvemos no coletivo, mais perdemos o que nos torna humanos.

Capítulo 2 – O amor que une a massa: a ilusão de uma alma coletiva

Freud sabia que não bastava dizer que o indivíduo se dissolve na massa. Era preciso explicar como essa dissolução acontece — qual é o mecanismo psíquico que une pessoas tão diferentes em uma única vontade emocional. A resposta para ele está no vínculo libidinal.

Por libido, Freud não se referia apenas ao desejo sexual, mas a qualquer energia afetiva que liga o sujeito a um objeto, ideia ou pessoa. É esse vínculo invisível que mantém a coesão de um grupo. Em outras palavras: as massas não se mantêm unidas apenas pelo medo, pela autoridade ou pelo contágio — elas se estruturam pelo amor. Ele escreve:

“Então experimentaremos a hipótese de que as relações de amor (ou, expresso de modo mais neutro, os laços de sentimento) constituem também a essência da alma coletiva.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Freud identifica esse mecanismo ao analisar dois exemplos clássicos de massas organizadas: o exército e a igreja. Ambos exigem obediência incondicional, mesmo em situações extremas. O que une os membros dessas instituições não é apenas a hierarquia — é a identificação afetiva com um líder idealizado. Freud explica:

“Assim, as necessidades da massa a tornam receptiva ao líder, mas este precisa corresponder a ela com suas características pessoais. Ele próprio tem de estar fascinado por uma forte crença (numa ideia), para despertar crença na massa; ele tem de possuir uma vontade forte, imponente, que a massa sem vontade vai aceitar.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Ou seja, o líder ocupa a posição de objeto amado, e os membros da massa se identificam uns com os outros por meio dessa relação. É uma estrutura triangular: cada sujeito se liga ao líder por um laço libidinal e, por consequência, sente afinidade com os demais que compartilham o mesmo elo.

Essa explicação lança uma luz perturbadora sobre movimentos de massas carismáticas, cultos religiosos modernos, regimes autoritários e até mesmo fandoms modernos. Não é a razão que mantém a coesão — é o afeto inconsciente. O líder torna-se uma figura idealizada, intocável, quase divina. Não precisa mais justificar suas ordens; sua autoridade se sustenta no amor projetado sobre ele.

Freud afirma que:

“Temos a impressão, se o indivíduo abandona sua peculiaridade na massa e permite que os outros o sugestionem, que ele o faz porque existe nele uma necessidade de estar de acordo e não em oposição a eles, talvez, então, ‘por amor a eles’.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

A massa, nesse ponto, se transforma numa extensão do Eu do líder. Os desejos dele tornam-se os desejos dela. Suas paixões são absorvidas como verdades absolutas. E quanto mais forte é essa identificação, mais frágil se torna a autonomia de cada indivíduo.

A consequência disso é a homogeneização da experiência. Em vez de uma comunidade de sujeitos conscientes, temos um coletivo emocionalmente dependente. O amor que mantém essa estrutura não é maduro, nem reflexivo — é uma paixão primitiva, que exige submissão, renúncia e fusão com o grupo.

A alma coletiva, portanto, não é uma metáfora. É uma realidade psíquica construída por vínculos afetivos inconscientes. Freud mostra que, no coração da massa, não há apenas medo ou violência — há amor. Mas um amor que cega, que domina e que anula a consciência individual.

Capítulo 3 – Quando o Eu se dissolve: a psicodinâmica da barbárie

A massa não apenas altera o comportamento do indivíduo — ela o rebaixa a um estágio psíquico anterior. Freud é claro ao mostrar que, quando imerso na multidão, o sujeito experimenta um processo de regressão: abandona funções mais elevadas da mente e retorna a formas de funcionamento primitivas.

Esse fenômeno, segundo ele, explica não só a perda da autonomia, mas o colapso da capacidade intelectual e moral. Ele afirma:

“Mas, se olharmos como um todo, a massa revela mais do que isso; o enfraquecimento da aptidão intelectual, a desinibição da afetividade, a incapacidade de moderação e adiamento, a tendência a ultrapassar todas as barreiras na expressão de sentimentos e a descarregá-los inteiramente na ação — esses e outros traços semelhantes […] fornecem um quadro inequívoco de regressão da atividade anímica a um estágio anterior, que não nos surpreendemos de encontrar nos selvagens e nas crianças.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Essa regressão explica por que, em muitos contextos históricos, multidões pacíficas podem, de repente, tornar-se violentas, fanáticas ou cruéis. A massa, ao desativar o superego — instância crítica da psique — libera impulsos que estavam até então reprimidos.

Freud, citando Le Bon, reforça essa ideia:

“Tal é, aproximadamente, o estado de um indivíduo que participa de uma massa. Ele não é mais consciente de seus atos. Nele, como no hipnotizado, enquanto certas faculdades são destruídas, outras podem ser levadas a um estado de exaltação extrema. A influência de uma sugestão o levará, com irresistível impetuosidade, à realização de certos atos.”

Sigmund Freud citando Le Bom em Psicologia das Massas e Análise do Eu.

A dissolução do Eu se dá através de dois mecanismos principais: o contágio e a sugestionabilidade. Freud explica que, dentro da massa, as emoções e ideias se propagam como vírus. A vontade pessoal enfraquece e dá lugar a uma receptividade hipnótica diante do coletivo.

“Predominância da personalidade inconsciente, orientação por via de sugestão e de contágio dos sentimentos e das ideias num mesmo sentido, tendência a transformar imediatamente em atos as ideias sugeridas, tais são as principais características do indivíduo na massa. Ele não é mais ele mesmo, mas um autômato cuja vontade se tornou impotente para guiá-lo.”

Sigmund Freud, Psicologia das Massas e Análise do Eu.

Freud vai ainda mais longe. Ele propõe que o comportamento das massas é uma revivescência da “horda primeva” — o primeiro agrupamento humano liderado por um pai despótico, temido e idealizado. Nessa estrutura, o indivíduo não pensa, ele obedece. Não reflete: reage. Não duvida, mas segue.

A massa moderna, portanto, repete essa configuração arcaica. O Eu se dissolve. A razão cede. A civilização, conquistada com esforço, retrocede. E o que resta é um coletivo dominado por impulsos primários —sendo, portanto, nada mais do que uma psicodinâmica da barbárie.

Capítulo 4 – O surgimento do homem-massa: quem é ele e por que representa um perigo?

Até aqui, exploramos com Freud como a massa afeta o indivíduo por dentro — como ela dissolve o Eu, desativa a razão e ativa impulsos inconscientes. Agora, mudamos o foco. Ortega y Gasset, em A Rebelião das Massas, não se ocupa do inconsciente, mas do comportamento histórico, cultural e espiritual do homem moderno.

Ele não estuda a massa como uma estrutura psíquica, mas como um fenômeno social e filosófico que ameaça a continuidade da civilização. Se Freud nos mostrou como o indivíduo se perde na massa, Ortega nos revela o que acontece quando essa massa assume o controle da cultura, da política e da moral pública.

Ortega y Gasset começa sua análise deixando claro que o conceito de “massa” não diz respeito a uma classe social específica, nem é uma questão de número. Ser massa é um modo de ser. E o homem-massa é aquele que se sente completo em sua vulgaridade, que não aspira a nada além do que já é.

Ele escreve que:

“Massa é todo aquele que não se valoriza a si mesmo — no bem ou no mal — por razões especiais, mas que se sente ‘como todo o mundo’, e, entretanto, não se angustia, sente-se à vontade ao sentir-se idêntico aos demais.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Esse é o traço central do homem-massa: a ausência de autocrítica, de esforço pessoal, de exigência moral. Ele não busca se superar, não deseja transcender. Está satisfeito com sua mediocridade. Não se sente vulgar — sente-se confortável por ser comum.

O século XIX, com seus avanços técnicos, científicos e sociais, criou um novo tipo de indivíduo. Um sujeito que possui meios e direitos como nunca antes na história — saúde, conforto, transporte, comunicação, educação. Mas que, ao invés de usar esses recursos para elevar-se, o sujeito fechou-se em si mesmo. Ortega escreve que:

“Encontramo-nos com uma massa mais forte que a de nenhuma época, mas, a diferença da tradicional, hermética em si mesma, incapaz de atender a nada nem a ninguém, acreditando que se basta — em suma: indócil.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Esse novo homem-massa não quer ser guiado, não reconhece superiores, nem aceita limites. Não respeita tradições, nem reverencia o passado. O esforço de entender, aprender ou aperfeiçoar-se lhe parece inútil. Ortega o define por contraste com a vida nobre, que exige disciplina, superação e um projeto de aprimoramento pessoal. Ele diz o seguinte:

“Para mim, nobreza é sinônimo de vida esforçada, posta sempre a superar-se a si mesma […] São os homens seletos, os nobres, os únicos ativos e não só reativos, para os quais viver é uma perpétua tensão, um incessante treinamento.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

O perigo do homem-massa não está apenas em sua ignorância — está em sua arrogância sem mérito. Ele não reconhece a própria limitação, e por isso se coloca como juiz de tudo: da política, da arte, da ciência, da moral. E, ao fazê-lo, desacredita o saber, ridiculariza a excelência e derruba toda forma de autoridade que não se curve à opinião majoritária.

O resultado? Uma sociedade nivelada por baixo. Um tempo em que o mérito é suspeito, o esforço é desprezado, e o instinto — não o pensamento — define o rumo das coisas.

Capítulo 5 – A tirania da maioria: quando todos têm voz, mas ninguém pensa

Em sua crítica mais aguda, Ortega y Gasset alerta para um fenômeno que se tornou regra nas democracias contemporâneas: a tirania da maioria. O que antes era exceção — ou seja, a intervenção da massa nos assuntos públicos — torna-se uma constante, e não mais por meio de representantes, mas de forma direta, autoritária e inconsequente.

Ortega escreve que:

“A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei. Ao servir a estes princípios o indivíduo obrigava-se a sustentar em si mesmo uma disciplina difícil. Ao amparo do princípio liberal e da norma jurídica podiam atuar e viver as minorias. Democracia e Lei, convivência legal, eram sinônimos. Hoje assistimos ao triunfo de uma hiperdemocracia em que a massa atua diretamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo suas aspirações e seus gostos.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Essa hiperdemocracia, como ele chama, destrói os filtros tradicionais que protegiam a cultura e a política da banalidade. A massa já não reconhece a necessidade de estudo, especialização ou mérito para opinar. E mais: acredita que sua opinião tem o mesmo peso — ou mais — que a de qualquer especialista. Ortega observa que:

“Agora, por sua vez, a massa crê que tem direito a impor e dar vigor de lei a seus tópicos de café. Eu duvido que tenha havido outras épocas da história em que a multidão chegasse a governar tão diretamente como em nosso tempo.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Esse espírito de imediatismo gera uma cultura de ressentimento. Quem tenta argumentar com profundidade é visto como pedante. Quem exige estudo é acusado de elitismo. A opinião virou um produto inflacionado — todos têm, todos impõem, mas poucos pensam.

Para Ortega, isso representa a morte do espaço público como arena de ideias. Em vez disso, instala-se um ambiente onde só se pode dizer o que já foi dito, onde só se aplaude o que já se pensa, e onde a dissidência é esmagada pela força do número.

O resultado não é a liberdade. É a uniformização. É o desaparecimento da complexidade em nome da popularidade. É o fim do mérito, da excelência, da reflexão. E a substituição de tudo isso pela mediocridade imposta pela massa que acredita ser o centro do mundo.

Capítulo 6 – O colapso da cultura e o futuro ameaçado

Ortega y Gasset conclui sua análise com um alerta que atravessa o tempo: o maior risco que enfrentamos não é uma guerra, uma crise econômica ou um colapso político. É algo mais sutil — e mais profundo, isto é, o desaparecimento da cultura. Não como acervo de obras, mas como forma de vida, como consciência de que viver exige esforço, responsabilidade e transmissão de valores.

Ele escreve que:

“A civilização não está aí, não se sustenta a si mesma. É artifício e requer um artista ou artesão. Se o senhor quer aproveitar-se das vantagens da civilização, mas não se preocupa de sustentar a civilização…, o senhor está enfarado. A três por dois o senhor fica sem civilização. Um descuido, e quando o senhor olha à sua volta tudo se volatilizou! Como se houvessem recolhido uns tapetes que tapavam a pura Natureza, reaparece repristinada a selva primitiva.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

A civilização, diz Ortega, é como um palco montado por gerações que vieram antes de nós. Mas se os atores de hoje — os homens médios, satisfeitos, omissos — não se empenharem em sustentar esse palco, ele desaba. E o que emerge é a selva. O primitivo. O caos.

O homem-massa, ao rejeitar a tradição, a autoridade e o pensamento, torna-se o agente involuntário da barbárie. Não por desejo de destruição, mas por negligência, por ignorância, por inércia. Ele acredita que tudo o que recebeu é natural, eterno, garantido. Mas não é. Ortega afirma o seguinte:

“Insisto, pois, com leal desgosto em fazer ver que este homem cheio de tendências incivis, que este novíssimo bárbaro é um produto automático da civilização moderna […] O europeu que começa a predominar — esta é minha hipótese — seria, relativamente à complexa civilização em que nasceu, um homem primitivo, um bárbaro emergindo por um alçapão, um ‘invasor vertical’.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Esse “invasor vertical” é aquele que não veio de fora — mas que nasceu dentro da própria civilização e que, paradoxalmente, trabalha contra ela. Quanto mais confortos recebe, menos preparado está para defendê-los. Quanto mais direitos adquire, menos responsabilidade demonstra.

O futuro, para Ortega, depende do resgate da vida nobre. De uma elite espiritual — não no sentido econômico, mas ético — que se recuse a viver de forma automática, que enfrente a complexidade da vida moderna com pensamento, sacrifício e visão.

Do contrário, viveremos sob a aparência de progresso, mas no fundo, estaremos regredindo. Ele nos dá o aviso final:

“Agora começamos a ver isto com bastante clareza, porque a ‘ação direta’ consiste em inverter a ordem e proclamar a violência como prima ratio; a rigor, como única razão — é ela a norma que propõe a anulação de toda norma, que suprime tudo que medeia entre nosso propósito e sua imposição. É a carta magna da barbárie.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

Se perdermos o compromisso com a cultura, com a norma, com a elevação interior — não haverá civilização que resista.

Conclusão – Como resistir à massa e preservar o indivíduo

Ao longo deste vídeo, exploramos dois diagnósticos precisos e complementares. Freud nos mostrou que, ao entrar na massa, o sujeito perde o controle sobre seu próprio Eu. Regride, se infantiliza, se deixa guiar por impulsos inconscientes. Ortega y Gasset revelou que, quando essa massa assume o protagonismo cultural e político, ela destrói o mérito, sufoca a excelência e ameaça as bases da civilização.

Ambos apontam para um risco que ainda nos ronda: o desaparecimento do sujeito autêntico.

Mas isso não é um destino, mas sim um alerta.

Então o que fazer?

1. Preserve sua individualidade

Antes de seguir qualquer tendência, pare e se pergunte: isso faz sentido para mim? Ou estou apenas repetindo o que todo mundo diz? Lembre-se: o pensamento crítico nasce na solidão, não na multidão.

2. Escolha a dificuldade

O homem nobre, segundo Ortega, é aquele que vive em tensão, em esforço constante para superar-se. O conforto emocional da massa pode parecer seguro — mas é nele que a barbárie germina.

3. Cuidado com o contágio emocional

Freud demonstrou que a massa opera por sugestão e contágio. Em redes sociais, em ambientes polarizados, emoções se espalham como vírus. Portanto, respire, reflita e desconfie do impulso imediato.

4. Busque o que eleva

Cultive o pensamento complexo, a arte profunda, os livros difíceis. Fuja da cultura que serve apenas para entreter. A civilização é mantida por aqueles que se recusam a viver no automático.

5. Não se curve à maioria

Opinião pública não é sinônimo de verdade. A massa grita. O sábio observa em silêncio. Lembre-se das palavras de Ortega:

“A massa crê que tem direito a impor e dar vigor de lei a seus tópicos de café.”

José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas.

No fim, tudo se resume a uma escolha: ser conduzido ou conduzir-se. Ser parte indistinta do coro ou tornar-se voz singular na multidão.

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