6 livros para abandonar autoajuda e mudar sua percepção sobre a vida
Transcrição do vídeo
Se você está procurando alguns livros para ler neste ano, bom, este vídeo é pra você. Eu vou listar 6 livros que podem mudar sua percepção sobre a vida e explicar um pouco cada um deles. E sim, nenhum deles é de autoajuda.
Não que eu seja contra esse tipo de livro, mas se você puxar qualquer lista de livros na internet, a maioria deles será sobre autoajuda; em sua maioria com conteúdos que causam um certo impacto em algumas circunstâncias da sua vida, mas não conversam profundamente com você. Então, decidi selecionar outros livros. Vamos lá.
1 — Górgias, de Platão.
O primeiro livro é um diálogo socrático chamado Górgias. Este diálogo, escrito por Platão, há mais de 2400 anos, pode assustar em um primeiro momento porque parece que foi escrito nos dias de hoje. É incrível como diversos dilemas morais, ideais políticas e comportamentos humanos não mudaram em nada ao decorrer dos séculos. Muitos problemas que você enfrenta atualmente, um grego, há mais 2400 anos, já tinha discorrido e até mesmo encontrado algumas soluções. Os diálogos socráticos, de modo geral, são indispensáveis para qualquer estudante de filosofia ou para quem está na busca por conhecimento. Sócrates se tornou o arquétipo do filósofo por excelência.
Ele não escreveu nada, e tudo que sabemos sobre ele nos foi legado indiretamente, através de seus discípulos, um deles sendo Platão. Os diálogos escritos por Platão geralmente apresentam Sócrates conversando com algum interlocutor que carrega o nome do escrito, neste em questão, Sócrates está dialogando com Górgias, um sofista da época, então, o nome do diálogo é Górgias.
Sócrates, acima de tudo, se preocupava com as relações humanas e com valores que legitimavam essas relações, fazendo com que a vida em sociedade fosse bem vivida. Toda sua filosofia se ocupa da conceitualização das virtudes, discorrendo sobre a justiça, a sabedoria, a coragem e o autocontrole. Neste diálogo, Sócrates questiona Górgias sobre o que é a retórica.
Górgias responde que a retórica é a arte da persuasão, capaz de convencer qualquer um sobre qualquer assunto sem necessidade de conhecimento profundo. Sócrates, por outro lado, argumenta que a retórica é uma forma de manipulação, uma prática que visa apenas satisfazer desejos imediatos. Ele compara a retórica com a culinária, que busca agradar ao paladar, mas sem a preocupação do prato ser saudável.
Mas nós podemos comparar, não com a culinária, mas com as inúmeras promessas que tanto ouvimos por aí de pessoas que dizem ter encontrado a fórmula para a felicidade, para o relacionamento perfeito, para ser uma boa mãe, para ser um homem inabalável, para ganhar dinheiro rápido, e que te entregam tudo isso em um curso online, muitas vezes não passando de um esquema de pirâmide.
Tal como Górgias, essas mesmas pessoas vendem os seus cursos começando com um discurso que dá prazer aos seus ouvidos, dizendo coisas como: “é fácil ganhar dinheiro rápido e sem muito esforço, trabalhando poucas horas por dia”. Mas a retórica se desenvolveu com o tempo e se tornou uma disciplina fundamental para a comunicação, fazendo parte do Trivium, que era um conjunto de três matérias ensinadas nas universidades na idade média.
Mas fora a retórica, o diálogo passa por diversos outros temas, como justiça, poder e excesso de prazeres, sendo uma excelente oportunidade para você compreender o mal-estar presente nos dias atuais, pois, de fato, algumas coisas não mudam. Alguns desses temas estão até mesmo presentes nos outros livros da lista que eu ainda vou citar, embora todos eles não tenham uma relação direta. Mesmo assim, eles podem conversar entre si, e por isso que eu os escolhi.
2 — Hamlet, de Shakespeare; 3 — Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
O segundo e o terceiro livro são Hamlet, de Shakespeare, e Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. E por que eu decidi falar deles ao mesmo tempo? Porque, para o leitor, pode ser uma experiência muito interessante ler um seguido do outro. A figura de Hamlet, o príncipe da Dinamarca, e Dom Quixote, um velho fidalgo que se empanturrou com romances de cavalaria, representam duas características opostas que estão presentes na natureza de todo ser humano.
Hamlet representa o puro egoísmo; e Dom Quixote, o puro altruísmo. Hamlet é cético, Dom Quixote é crédulo. Hamlet se volta para si mesmo o tempo inteiro, se analisando constantemente, e por isso não consegue sair do lugar. Dom Quixote é movido inteiramente por algo que está fora si mesmo, e por isso não se importa nem um pouco com a sua condição; ele é inteiramente entregue aos outros.
A imagem dessas duas figuras da literatura nos permite visualizar duas polaridades distintas que, a todo momento, se convergem e se fundem em cada circunstância da nossa vida. Se não tivéssemos uma força que nos puxa para nós mesmos, que faz nos preocuparmos, em alguma medida, com a nossa condição, não teríamos ao mínimo uma consciência, pois a consciência pressupõe, justamente, o desprendimento de um todo.
Entretanto, se não tivermos um sentido que nos puxa para fora, não conseguiríamos sair do lugar e dar um passo adiante. Cada passo que você dá em direção ao mundo é um sacrifício que você faz ao seu ego; é um altruísmo, uma dedicação em direção a algo ou alguém; é uma renúncia que você faz em relação à sua própria condição, pois você está acreditando em algo lá fora que te fez dar esse passo, ainda que seja para benefício próprio. Inclusive tem uma frase encontrada no livro Górgias, de Platão, o primeiro que eu citei aqui no vídeo, que nos lembra justamente disso:
“Portanto, é porque perseguimos o que é bom, que andamos, quando andamos; concebemos que é melhor andar.”
Platão, Górgias.
Um escritor russo do século XIX chamado Ivan Turguêniev, ao escrever sobre Hamlet e Dom Quixote disse o seguinte:
“[…] toda essa vida não é nada além da reconciliação e da luta eternas de dois princípios que se separam e se fundem incessantemente. […] os Hamlets são uma expressão da força centrípeta inata da natureza, pela qual todo ser vivo se considera o centro da criação e contempla todo o resto como se existisse somente para ele […]. Sem essa força centrípeta (a força do egoísmo), a natureza não poderia existir, da mesma forma que sem a outra, a força centrífuga, por cuja lei tudo o que existe, existe somente para o outro (essa força, esse princípio de dedicação e sacrifício — esse princípio é representado pelos Dons Quixotes). Essas duas forças de estagnação e movimento, de conservadorismo e progresso são as forças básicas de tudo o que existe. Elas nos explicam o crescimento de uma flor, e também elas nos dão a chave para a compreensão do desenvolvimento das nações mais poderosas.”
Ivan Turguêniev, Hamlet e Dom Quixote.
Todos temos dentro nós um Hamlet e um Dom Quixote, que balançam entre o trágico e cômico.
4 — Os Demônios.
O quarto livro da lista é Os Demônios, de Dostoiévski. Aqui, Dostoiévski apresenta as consequências de uma sociedade tomada pelo relativismo e pelo niilismo, como consequência da perda dos valores tradicionais que fundamentava a civilização e até mesmo um sentido para a existência. Este livro, escrito em 1872, denuncia o que mais tarde Nietzsche afirmaria em termos poéticos em sua obra Gaia Ciência:
“’Para onde foi Deus?’ […] ‘Vou dizer-lhes, para onde foi! Deus está morto. Nós o matamos: você e eu!”
Nietzsche, A Gaia Ciência.
A frase “Deus está morto” significa que todos os valores e ideais supremos, ou seja, tudo aquilo que dava sentido as coisas materiais e à vida dos homens, de forma geral, perdeu toda a sua consistência e toda a importância. E Dostoiévski, em Os Demônios, tinha previsto as consequências disso: um mundo sem a verdade, tida como absoluta, e sem valores transcendentais, é um mundo onde o mal é relativizado, e, portanto, não pode ser categorizado e muito menos percebido. O mal, então, se infiltrar nas ideias, se disfarçando de progresso e de liberdade, e é assim que uma sociedade inteira é levada à destruição.
Os demônios, para Dostoiévski, são justamente aquelas pessoas possuídas pela ideia do relativismo, que afirmam que não existe verdade absoluta e cada um pode construir os seus próprios valores fundamentados em sua condição de seres mortais e falhos. Mas esse é o ponto: se somos seres imperfeitos, como os valores criados por nós serão absolutos? Nós estaríamos ocupando o lugar de Deus. Essas ideias são personificadas na figura de Piotr, personagem do livro, que tem como principal objetivo a destruição da sociedade através da relativização do mal.
Para ele, fazer com que as pessoas não acreditem no mal é fundamental para executar o seu plano. Com a relativização do mal, as hierarquias entre pais e filhos se desfazem, cada ideia é tida como verdade e não pode ser impedida e, obviamente, a ordem acaba dando espaço para o caos. Esse discurso é parecido com o de uma parte encontrada no diálogo Górgias, de Platão. Além de Górgias, um dos interlocutores do diálogo é um jovem chamado Polo, discípulo de Górgias. Polo defende que a retórica dá poder a quem a domina, permitindo que políticos e oradores façam o que quiserem. Sócrates, porém, inverte essa visão, argumentando que cometer injustiça é pior do que sofrê-la, pois corrompe o nosso caráter.
Mesmo que a pessoa saia por cima ao cometer uma injustiça, ela terá perdido, pois agora o injustiçado merece algo que o injusto lhe deve. Para Sócrates, o verdadeiro poder não está em satisfazer desejos arbitrários, mas em buscar a virtude, mesmo que a pessoa sofra por isso. Dostoiévski escreveu Os Demônios a partir de um caso real que aconteceu na Rússia, onde um estudante revolucionário reuniu um grupo e tirou a própria vida de um de seus companheiros. A intenção do atentado foi demonstrar que o valor da vida se dá através de sua utilidade às causas de uma revolução.
seja, o valor é relativo e surge a partir do contexto, a partir de uma retórica para justificar uma ação. Piotr, no livro, incorpora essa figura do revolucionário e forma um plano, também para matar um de seus companheiros. Ele apenas justifica a destruição pela destruição; ele não quer construir nada com a queda dos valores tradicionais. Ele é um niilista completo.
E a consequência do relativismo é o justamente o niilismo, a negação de tudo. Certas ideias nos enfraquecem, nos tornam propensos ao medo e à ansiedade, nos desconectam da realidade, nos levam ao ódio excessivo, nos levam a regredir psicologicamente e distorcer nossa visão da natureza humana e do potencial humano. E é isso que Dostoiévski tenta passar ao longo do livro.
É uma excelente leitura para perceber que as ideias, ao contrário do que muitos pensam, trazem enormes consequências para a sociedade e se infiltram nas famílias e na cultura de forma sorrateira, politizando a vida através de ideologias.
5 — Cartas de um Diabo ao Seu Aprendiz.
Se em Os Demônios Dostoiévski mostra como a relativização do mal causa a destruição de uma sociedade, em Cartas de um Diabo ao Seu Aprendiz, o próximo livro da nossa lista, escrito por C. S. Lewis, mostra como a relativização do mal destrói a nossa vida cotidiana.
O livro tem uma proposta bem inusitada: a história é narrada do ponto de vista de um demônio experiente na arte de influenciar as pessoas a irem para o seu lado e se afastar de Deus. O livro é contado através de cartas desse demônio a um de seus sobrinhos, com o objetivo de lhe ensinar a como estar trazendo mais seres humanos para o inferno.
Esse sobrinho escolhe um ser humano como o seu paciente e tenta fazer com que ele se afaste o máximo possível da salvação. Ou seja, aqui, C. S. Lewis usa um recurso irônico que o permite criticar as fraquezas humanas e as armadilhas espirituais com um tom satírico e inteligente. Ele basicamente demonstra como o mal age em nossas vidas e nos afasta cada vez mais de uma vida plena e com significado. No começo, você pode ficar um pouco confuso com a leitura, mas é preciso se lembrar que é como se um demônio estivesse escrevendo.
Então, ao longo do livro, ele chamará Deus de “O Inimigo” e o Diabo de “Nosso Pai”. Mesmo para quem não é religioso, conseguirá tirar muito proveito dessa obra, pois ela nos mostra como o tempo inteiro estamos nos distraindo e nos manipulando, fazendo com que fiquemos confusos a respeito de nossas vidas, como, por exemplo, quando o demônio escreve ao seu sobrinho para fazer com que seu paciente, ou seja, o ser humano que ele escolheu para manipular, pense que os momentos de infelicidade em sua vida sejam piores do que parecem, e de que ele não tem o direito de ficar infeliz e, portanto, pode tentar amenizar seu infelicidade e seu tédio com todo tipo de entretenimento barato e prazeres momentâneos, como a bebida em demasia, a pornografia ou a libertinagem, tentando afastar o máximo possível da cabeça dele a ideia de que, justamente por estarmos imersos no tempo, nossa vontade não é constante e, consequentemente, a felicidade não é constante; que não vamos estar motivados 100% no trabalho, nos relacionamentos e na vida de modo geral.
E esse é um ponto interessante: nós achamos que o Diabo enfia coisas na nossa cabeça, mas como ele mesmo escreveu em uma de suas cartas apresentadas no livro:
“É engraçado ver como os mortais sempre nos acusam de enfiar ideias em suas cabeças: na verdade, nosso trabalho mais importante é manter coisas fora delas.”
C. S. Lewis, Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz.
6 — A Agonia do Eros, de Byung-Chul Han
O próximo e último livro da lista é o A Agonia do Eros, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Este livro se trata de um ensaio filosófico no qual Byung analisa a dissolução do Eros na sociedade. Eros, na mitologia grega é a personificação do amor. Os gregos entendiam o Eros como uma força metafísica responsável por ligar duas coisas para formar uma terceira.
Ou seja, eros pressupõe ao menos dois elementos para que exerça sua força. Então, podemos entender que o amor é uma união com algo que não é eu, mas um outro, ou seja, uma alteridade. A Agonia do Eros na sociedade contemporânea, exposta por Byung, está justamente na perda dessa alteridade, desse outro para amar. Ele argumenta que o amor está desaparecendo devido à cultura da subjetividade, da transparência excessiva e da lógica da competitividade que regem o mundo digital e neoliberal.
Todas essas características são decorrentes da perda dos valores transcendentais que fundamentavam a cultura. Com a morte de Deus, ou seja, com perda dos ideais absolutos, como a verdade e o bem, seu lugar ficou desocupado, e a sociedade moderna a preencheu com a produtividade, com o consumismo e com o culto ao amor-próprio. Nós vimos em Os Demônios, de Dostoiévski, as consequências da Morte de Deus, ou seja, o relativismo e o niilismo. Já neste livro, Byung-Chul Han mostra uma outra face da consequência do relativismo, que é a crise do amor. Hoje, vivemos em uma sociedade que valoriza apenas o eu, a autoafirmação e a repetição do mesmo.
A consequência disso é que o amor deixa de ser um encontro com o outro e se torna apenas um reflexo do próprio ego. Hoje a sociedade está repleta de Hamlets, perdidos em suas próprias subjetividades. Tudo é para benefício próprio, e o outro se tornou apenas um fim para justificar os nossos meios, assim como o plano de Piotr, em Os Demônios, para matar seu companheiro de revolução e demonstrar que a vida tem apenas um valor utilitário ou enquanto servir a uma causa.
Essa busca por autossatisfação a qualquer custo também conversa muito com outro trecho encontrado no diálogo Górgias, de Platão. Cálicles, o mais radical dos interlocutores do diálogo, defende um hedonismo extremo: os mais fortes devem dominar os fracos e seguir seus desejos sem restrições. Ele critica a moralidade tradicional, dizendo que ela foi criada pelos fracos para controlar os mais fortes. Sócrates rebate essa visão, afirmando que a verdadeira felicidade não vem da satisfação desenfreada dos desejos, mas do autocontrole e da busca pela justiça.
Sócrates está dizendo que é mais livre aquele que pode decidir quando quer se satisfazer, ao contrário daquele que não consegue mais se controlar porque tirou sua liberdade com a própria liberdade, através da livre satisfação dos desejos. Em A Agonia do Eros, Byung também faz críticas ao capitalismo contemporâneo, onde tudo é transformado em produto e desempenho, inclusive o amor e o desejo. Os relacionamentos se tornam mercadorias, guiados pela lógica da eficiência e da satisfação instantânea, como a gente pode ver em aplicativos de namoro. Essa redução do amor a um consumo emocional rápido enfraquece a profundidade e o mistério do Eros, ou seja, não há mais o mistério do outro que nos fascina em um primeiro momento, tudo está exposto.
O amor implica um encontro com algo desconhecido e misterioso, que desafia a identidade do sujeito. Para se relacionar com o outro, é preciso, pelo menos por algum momento, deixar de olhar para nós mesmos e olhar para o outro, para esse que é um estranho em um primeiro momento. No entanto, a sociedade atual elimina tudo que gera estranhamento, tornando as relações previsíveis e controláveis. Isso leva ao desaparecimento da alteridade, essencial para o desejo e para a experiência do amor autêntico.
Hoje, com a pornografia e com a sexualização do corpo, tudo é exposto e não causa mistério nenhum. O Eros precisa de segredo, de um jogo de ocultação e revelação, mas o mundo digital nos acostuma a ver tudo de forma explícita e imediata. Sem mistério, o desejo desaparece e resta apenas o que Byung chama de “a pornografia do tudo visível”. Parece que nada mais tem profundidade por o sujeito está completamente exposto. Suas vidas estão expostas nas redes sociais, seus corpos estão expostos.
O livro é uma forte crítica a sociedade contemporânea por transformar o amor em mais um produto do mercado, reduzindo-o a um jogo de consumo e desempenho.
Embora os livros que eu citei não tenham uma relação direta entre si, vocês conseguiram perceber que todos eles têm muitos pontos em comum, e foi por isso que eu os escolhi. De algum modo, todos expõem o mal-estar das sociedades e das nossas vidas, e te dão uma visão dos registros desse mal-estar ao longo da história. Enfim, são ótimas leituras para ampliar ou até mesmo fazer com que você tenha uma percepção diferente das coisas ao seu redor.
Livros recomendados:
Górgias — Platão: https://amzn.to/3Qsdnsl
A Vida Intelectual — Sertillanges: https://amzn.to/3Xcs9aF
Dom Quixote — Miguel de Servantes: https://amzn.to/3ELHSXP
Os Demônios — Os Demônios: https://amzn.to/435Cbht
Cartas de um Diabo ao Seu Aprendiz — C. S. Lewis: https://amzn.to/434cf5W
A Agonia do Eros — Byung-Chul Han: https://amzn.to/4iq0taz